quinta-feira, 15 de outubro de 2015

MB Way

Este é o mais recente trabalho da excentricGrey para o serviço MB Way da SIBS. Para quem não sabe o MB Way é uma pseudo-resposta ao Apple Pay e à Google Wallet mas com menos inovação e mais trabalho para o consumidor. É uma espécie de "paga com o saldo" mas sem ser com o saldo do telemóvel mas sim com o bancário. Confusos? Então esperem só que vão ficar mais.

Estas são as  três(!!) versões do filme "A Troca":




Análise:
A fotografia está fantástica. Faz lembrar os tempos dos filmes da Optimus, aqueles que se faziam quando ainda havia dinheiro? A realização é passível mas esquecível. Há uma boa direcção de arte se bem que o lettering está a roçar o kitch manhoso, muito ao estilo Yorn, mas creio que era mesmo para aí que os criativos deviam estar a apontar.  Portanto, no geral, é um filminho com bom aspecto e isso é de louvar.

Mas agora expliquem-me o seguinte: é mesmo necessário haver 3 versões? Justifica-se? Até para portfólio me parece ridículo. Ainda para mais porque quanto mais longa a versão mais trapalhão é o script. O início (dos 3) é apenas parvo; O "Agora não posso falar." seguido do "Ok, então traz-me um." dá-me arrepios de tão mau que é. E depois há a cena da troca. Então o gajo entrega-lhe um envelope, um envelope por amor da santa! E para quê? Para que o espectador imbecil não entenda do que se trata e depois haja galhofa porque afinal são bikinis? Meninos, acordem para a vida! Isso é apenas criar confusão. É falta de atenção. É mau storytelling.

Ah! Mas dizem-me vocês que isto é dos mesmos tipos que fizeram o anúncio do Intermarché que deu tanta merda no Natal passado não é? Aquele que nos ensinou que em caso de emergência basta ter o contacto da funcionária que ela abre o hipermercado de propósito. São os mesmos gajos não são? Ok amigos, nesse caso, tudo explicado.

Infelizmente faltam-me as imagens dos mupis mas eles estão para aí espalhados e espelham o que acontece no filme: confusão. O layout simples e branquinho ajuda mas não resolve. Os mupis "normais" têm demasiada informação, além de parecer que estão a vender telemóveis. O mupi "especial" é o mupi "normal" dividido em 3 (essa vossa mania dos 3). Mais uma vez, não era preciso! O que fizeram não é uma campanha de mupis, não é a regra dos 3 (uma regra profundamente estúpida mas que por algum motivo está tão enraizada na cultura publicitária que há campanhas boas que viram péssimas à conta disto), é encher por encher. É encher porque vocês acham que as pessoas têm mesmo paciência para esperar que o mupi rode 3 vezes ou porque acham que as pessoas se lembram da merda que vocês fazem. Acordem caralho! Ninguém se lembra. E raramente querem saber. Espero que ao menos tenham chupado mais uns euros ao cliente com a produção. Se nem isso conseguiram, foda-se, que incompetentes da merda que vocês são.

Diagnóstico:
No panorama em que nos encontramos actualmente, ou seja, neste deserto publicitário recheado de anúncios Tv Shop e outros que parecem ter sido feitos por malta da CERCI (olá Jumbo), este é dos poucos anúncios que parece vindo de uma época em que ainda se tentava fazer alguma coisa de jeito.

No entanto, não deixa de ser um anúncio com falhas evidentes e que seriam fáceis de resolver. Talvez não tenha havido tempo, talvez o realizador e a produtora tenham conseguido manipular os criativos ou talvez os criativos se tenham entusiasmado demasiado. Uma nota para os criativos: esta é uma "ideia" que é mais velha que o cagar e já foi feita mil vezes e mil vezes melhor, até em Portugal. Mas falar é fácil e criar é difícil e há que dar a mão à palmatória e dar-vos os parabéns por meterem na rua este trabalho. É um trabalho bonito. Fraco em termos de ideia, mau em termos de história mas bonito ao menos.

E por ser bonito e minimamente competente, talvez no CCP ou nos Prémios Luso reparem em vocês (e nos vossos mupis "especiais" de merda) e até consigam limpar a casa. Isto se o Edson e a FCB não resolverem encher mais uma vez todas as categorias com trabalhos que parecem saídos dos anos 80. Nesse caso, boa sorte.

Em qualquer dos casos, o Dr. recomenda, assim para começar, que assistam a umas aulas de storytelling. Depois que estudem o que se faz lá fora (e o que já se fez cá dentro) e aprendam a simplificar. Se contar uma história não é o vosso forte e se o serviço é complicado, não inventem muito, simplifiquem. E finalmente aprendam a dar menos rédea ao realizador, de forma a que ele não encha o vosso filme de planos desnecessários. Isto é, se é que a culpa foi do realizador. Se não foi, a prescrição é que deixem o homem em paz e que, mais uma vez, não compliquem!

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